Como tornar o seu ritmo preciso
Como tornar o seu ritmo preciso: a abordagem definitiva para acabar com suas dificuldades
Muita gente acha que para conseguir o ritmo preciso é necessário estudar teoria musical, aprender a ler partitura e fazer exercícios repetitivos.
Estudar teoria musical ajuda, pois conscientiza sobre o que é o ritmo. Nesse caso, o uso da partitura costuma vir junto. Consequentemente, os exercícios. São as etapas naturais do trabalho.
No entanto, a teoria não basta. É preciso vivenciar os conteúdos e relacionar teoria e prática.
Abordagens teóricas
Na maior parte das abordagens, a música é estudada pelo aspecto fenomenológico. Observamos o fenômeno, depois teorizamos sobre ele.
Foi só a partir do século XX que se tornou mais comum o uso de teorias que norteavam a produção musical.
Antes disso, os materiais tinham um uso prático, quase como se houvesse uma aprovação espontânea dos compositores, e ouvintes.
Portanto, não basta saber apenas na teoria. É a experiência prática o que traz a consciência do ritmo preciso.
Por que muitas pessoas não conseguem ter o ritmo preciso?
O grande erro não está exatamente no estudo da teoria ou na experiência prática. O erro está em como é feito o estudo teórico.
As figuras rítmicas são simples de entender. Inclusive a relação entre elas é bem fácil. É uma matemática do ensino fundamental.
No entanto, a abordagem aritmética não é suficiente para compreender o sentido sonoro.
É a vivência sonora o que falta na maioria das abordagens pedagógicas, inclusive muitos professores não a possuem.
Anos de uso de metodologias que priorizam uma linguagem acadêmica, cada dia mais defasada, formou uma legião de educadores que não entendem nem os fundamentos básicos da música e, menos ainda a forma como leigos e iniciantes lidam com o material.
O segredo é o pulso
Antes de você tentar entender qualquer escrita musical, ou fazer qualquer ritmo complexo, é fundamental compreender o que é o pulso.
O pulso é a marcação do tempo mais básica. É como a contagem dos segundos no relógio.
Toda a rítmica, seja por adição, ou divisão do tempo, depende da consciência total do pulso.
Enquanto você não consegue manter a marcação do pulso regular, não adianta tentar entender qualquer outra relação rítmica.
Só quando dominamos o pulso, podemos nos aventurar nas adições e divisões do tempo.
Esse trabalho inicial pode durar anos, dependendo da capacidade de cada pessoa.
Por isso você não tem o ritmo preciso
Você pode somar: ter um, dois, três, quatro tempos, ou ainda mais.
Somar os tempos não é a maior dificuldade. Tendo o pulso bem definido, basta que conte as suas marcações.
Fazemos isso naturalmente no dia a dia: contando passos, degraus, polichinelos, flexões, abdominais e outros exercícios físicos.
A contagem aditiva faz parte de diversas atividades rotineiras.
O que não é tão usual é a divisão do tempo. É na divisão do tempo onde os alunos se confundem mais.
Essa confusão ocorre porque muitas possibilidades de divisão são apresentadas antes de desenvolver as aptidões mais básicas.
A situação se agrava com a apresentação precipitada das figuras rítmicas, resolvida facilmente pela aritmética, mas sem relação com a capacidade em realizá-las.
A melhor forma de aprender a divisão rítmica
Em música, as divisões mais básicas são em duas e em três partes.
Você não pode avançar com os estudos enquanto não desenvolver a habilidade em realizar essas divisões conscientemente.
Isso não tem absolutamente nada a ver com entender os agrupamentos de tempos dos compassos, e as relações matemáticas entre as figuras rítmicas.
Isso tem a ver com você saber marcar o pulso, e conseguir dividi-lo em duas ou três partes, independente de como lê e escreve.
Uma ótima forma de pensar nisso é usando as silabações rítmicas.
Para cada pulso regular, você pode assumir o
- tá-ti para divisões em duas partes e o
- tá-tê-tê para divisões em três partes.
Observe nos áudios abaixo essas divisões:
Essa compreensão vai tornar o seu ritmo muito mais preciso. E você nem precisa saber ler partitura para isso. Basta entender como o som se distribui no tempo.
A música e o tempo
A música é a arte do tempo. É pintada, escrita e feita no tempo.
Se você não aprende a lidar com o tempo, não consegue lidar com a música.
Entender o pulso e as divisões rítmicas básicas é começar a lidar com o desdobramento do tempo a favor do conforto na execução.
Quando aprendemos a somar e dividir pulsos, sem nos preocuparmos com a exatidão das durações, estamos aprendendo a desdobrar o tempo a nosso favor.
O tempo, por sua vez, só anda para a frente. Não adianta tentar puxá-lo para trás. É necessário aprender a desdobrá-lo. A dobrar e a dividir as durações, buscando o maior controle na execução.
Quando o estudo musical não faz sentido
Para ter efeito, não basta somente entender as relações matemáticas. É necessário que você se coloque à prova em diversas situações diferentes.
Cada música apresenta uma ação específica no tempo. Os fundamentos são os mesmos, mas a combinação dos elementos desperta situações distintas, onde, mesmo ritmos simples, podem se tornar complexos.
É uma questão de conjuntura. Depende do contexto em que está inserido.
Na Live abaixo, mostrei as duas possibilidades básicas de divisão rítmica dentro de uma música cantada. Veja a diversidade em que o mesmo conceito se aplica:
A prática não se resume a tocar um instrumento
Tocar no instrumento e entender a teoria não garante domínio sobre a música.
O domínio pleno só ocorre quando você tem a condição de se expressar pelo seu corpo e pela sua voz, assim como você se expressa nas relações do dia a dia, usando a linguagem.
Nesse contexto, o canto está para as questões melódicas assim como o ritmo está para as questões corporais.
O canto é como a língua falada. Os gestos se aplicam às diversas formas de expressão rítmica.
Se você não consegue cantar, dificilmente conseguirá se expressar no instrumento. As frases não serão bem delineadas, as seções não ficarão claras.
Aprenda a se expressar
A música possui um discurso próprio, que só é possível definir a partir das expressões mais primitivas.
Se você não consegue fazer o ritmo no corpo, com as mãos, os pés,os dedos, etc, dificilmente conseguirá ter o ritmo preciso no instrumento.
É a motricidade grossa que define o que você consegue fazer na fina.
Todo instrumento musical lida com a motricidade fina. Portanto, enquanto você não resolve as questões nos movimentos mais essenciais de sua existência, não adianta tentar nos mais sofisticados.
Os instrumentos são inanimados. Não possuem alma. É você que anima o instrumento. É você que transmite sua alma a ele.
Se você não consegue se expressar pelo canto ou pelo corpo, você não vai conseguir aplicar sua expressão ao instrumento. Não conseguirá lhe dar alma.
É a consciência musical o que permite trazer sentimento à sua música. Não é mágica. É experiência consciente.
Você não precisa ser um especialista
Isso não significa que você tem que ser um cantor e um percussionista profissional, e sim que obtenha uma relação mais íntima com a música.
Saber cantar e percutir no corpo aquilo que se pensa é expressar musicalmente aquilo que está dentro de si pelas vias mais naturais do ser humano. Isso, com certeza, começa pela noção do tempo.
Amplie a sua prática musical
Se você quer entender, não só o ritmo, mas a música como um todo, então precisa participar de atividades práticas, especialmente as práticas de conjunto.
É na troca de experiências onde reside a maior parte do desenvolvimento musical.
Para ampliar a sua experiência de modo a conseguir se expressar musicalmente, em meios diferentes, com pessoas diversas, de múltiplos interesses.
A melhor forma de você conseguir fazer isso é através do canto coral. Além de ser uma atividade mais acessível, pois não necessita da habilidade exigida para tocar um instrumento, você usa apenas a sua voz.
Dentre as atividades musicais, o canto coral é a experiência mais rica em abordagens pedagógicas, que elevam a sua experiência de forma simples e eficiente.
É uma atividade que está ao alcance de qualquer um, para aprender a se expressar a partir do corpo e da voz.
Tipos de corais
Há vários tipos de corais, com diversas propostas, com foco no repertório, na idade, na profissão, em interesses coletivos. Só não conheço o coral que não canta.
Você pode buscar um dentro da sua comunidade, da sua igreja, da sua escola ou mesmo, na sua empresa. E mesmo que não tenha disponibilidade para a atividade presencial, você pode fazer um coral online.
Corais online normalmente possuem estrutura assíncrona, que permite trabalhar no próprio tempo. Com as tecnologias atuais, você consegue atuar em grupos de forma remota, sem perda nenhuma.
Se quiser saber mais sobre como funciona o canto coral online, veja o artigo no link abaixo:
gostei da dicas
ResponderExcluir