Canto coral e música antiga

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Canto coral e música antiga: Tant que Vivray de Claudin de Sermisy

canto coral e música antiga acessível a todos

Você acha que no canto coral só se faz música antiga? Mas, o que seria música antiga pra você? Seriam músicas com vinte anos? Trinta anos? Cinquenta? 

Se tem algo muito valorizado na arte é o ineditismo. Sempre procuramos por lançamento de filmes, estreia de peças de teatro, programas de tevê com novos personagens. O que é novo sempre tem mais apelo.

Música antiga ou música batida?

Com música não é diferente, se fazemos uma música “batida” muita gente reclama dizendo que a música é velha. No entanto, muita música antiga só precisa de uma nova roupagem para ganhar apelo. Um novo olhar que permita fazer um pouco diferente. O que mais incomoda, na verdade, é o comum, o trivial, o “mais do mesmo”.

Na musicologia o termo “música antiga”, muitas vezes, remete às músicas feitas do período clássico para traz. Tudo o que foi feito antes do século XIX é considerado música antiga. Tem muita coisa que as pessoas nunca ouviram e que para muitos traz uma experiência nova. 

Música de museu

O problema é que muita gente trata o repertório de música antiga do mesmo jeito, sem ter a preocupação de trazer a música para a atualidade. Isso não tem nada a ver com fazer música historicamente informada, pelo contrário, é informar-se historicamente para saber observar a liberdade interpretativa das obras.

O intérprete também tem liberdade para criar. É essa liberdade que torna o trabalho autêntico. Muita gente trata a música como peça de museu, que deve ser intocada. Essa visão “congelante” só retira a originalidade das interpretações

Por isso, para aumentar a riqueza estética dos conjuntos, sempre mesclo música antiga e moderna nos repertórios, para que os cantores tenham a experiência mais rica possível. 

Canto coral e música antiga para iniciantes

No Choir at Home, pude experimentar isso com a música “Tant que Vivray”. O arranjo de Patrick Liebergen tem algumas especificidades que tornam a interpretação diferente do comum; que traz individualidade e torna mais acessível para iniciantes. 

Muitos podem pensar que o propósito é facilitador, mas, na realidade, torna mais acessível aos ouvintes. De que adianta ter cantores bem informados se o ouvinte não está pronto para recebê-los? 

Arranjos atuais, na verdade, aproximam a audiência, dando a familiaridade necessária para que qualquer leigo possa apreciar a música.

Repertório acessível a todos

A sagacidade não está apenas na forma de arranjar, mas saber escolher o repertório adequado. Tant que Vivray foi composta por Claudin de Sermisy, compositor francês da Renascença. Um dos principais compositores de sua época. Trabalhou como cantor na real capela de Luís XII e para Francisco I, ambos Reis da França. 

Sua obra é reconhecida pela simplicidade em favor do bom entendimento do texto e pela coerência tonal, demonstrando a tendência que a música seguiria a partir de sua época, deixando os modos eclesiásticos e focando nos modos maiores e menores, comuns na música ocidental atual.

Sermisy pode ser visto como um dos compositores que tornou tudo mais simples, abrindo as portas para o surgimento de técnicas composicionais que mudaram a música dos tempos posteriores. 

Técnicas do canto coral e música antiga

Foi um dos primeiros a utilizar as cadências próprias do sistema tonal. A música “Tant que vivray” é um exemplo dessas escolhas. De fácil aprendizado, possui textura homofônica, onde todos cantam o texto ao mesmo tempo. 

Essa não era uma prática comum na renascença, quando se realizava mais polifonia; técnica onde as vozes se entrelaçam, caminhando com rítmicas diferentes, priorizando melodias horizontais especiais para cada voz e que, ao mesmo tempo, se harmonizam. 

Música antiga e poesia

Embora Sermisy não tenha militado a favor do fim da polifonia, pode ser que suas ideias tenham incentivado o início da prática do baixo contínuo que priorizava a melodia acompanhada, comum no período barroco. Assim como no baixo contínuo, as canções de Sermisy davam preferência às sonoridades mais simples, mais silábicas, mais rápidas e diretas. 

Durante a renascença não é muito clara a diferença entre música e poesia. Neste tempo, normalmente as duas coisas aconteciam juntas, assim como nas músicas populares.

Há sempre uma prioridade na comunicação clara do texto. Por isso, nesse repertório é importante estar atento à dicção e ao texto recitado. É importante que se cante com a intenção de comunicar o que a poesia descreve.

Música antiga e pedagogia musical

“Tant que vivray” é uma peça pedagógica, tanto do ponto de vista musical quanto do  literário, pois permite reviver a arte de uma época sem um amplo conhecimento artístico.

Cantar e recitar esse repertório é um privilégio para quem gosta de viver a história. É como poder viajar no tempo e ver uma paisagem que já não existe mais. 

Veja abaixo o Choir at Home cantando essa música:

Faça canto coral e música antiga

Se você tem interesse em História da Música, História da Arte ou mesmo História Geral, cantar em um coral é ótimo, pois permite viver os momentos pela arte. Fazer uma música historicamente informada permite uma compreensão única. 

No Choir at Home todas as aulas recebem um panorama histórico que posiciona a música no tempo e traz uma compreensão ampla do repertório. A metodologia TELA permite que você aprenda de forma rápida, eficiente e no seu tempo. 

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