Canto coral é diversão - Happy
Você acha que canto coral é uma atividade chata? Acha que é coisa de velho? Sempre parece algo sombrio e tenebroso, ou uma berraria geral?
Neste caso, acredito que sua intuição esteja correta. Infelizmente, hoje em dia é muito mais fácil encontrar grupos que só fazem música chata.
Canto coral é pra ser divertido. A palavra diversão vem do latim divertere que significa mudar de direção. Mas, ainda hoje, muitos acreditam que mantendo a mesma direção o canto coral perpetuará, mas a verdade é que, cada vez mais, as pessoas perdem o interesse, o público envelhece e o repertório perde o apelo.
Pensando neste problema, sempre procuro fazer repertórios mais conhecidos. Além do aprendizado e enriquecimento estético que proporcionam, possuem mais identificação com o público que aprecia melhor as músicas que trazem algo familiar.
Por isso, no Ano Novo do Choir at Home, resolvi fazer Happy de Pharrell Williams.
Com essa experiência foi possível
- Tornar o aprendizado mais divertido;
- Interagir com a música pop;
- Enriquecer a estética musical;
- Trabalhar a língua estrangeira (inglês);
- Fazer música de cinema.
Por que consideram o canto coral chato?
É uma pena que o canto coral seja considerado chato nos dias de hoje, pois, se todos os corais se preocupassem em ser divertidos, as pessoas teriam mais empatia.
Nada contra o repertório de concerto. Eu, particularmente, gosto. Mas, não nasci gostando. Tenho certeza que se me levassem numa apresentação coral durante a minha adolescência e estivessem cantando uma música russa, uma ópera ou, até mesmo, um madrigal italiano, eu acharia uma chatice. Não porque era desprovido de sensibilidade musical, mas porque não estava pronto para aquilo.
E veja que, durante a adolescência eu estudava piano, tocava algumas peças clássicas, mas nada que me desse discernimento para encarar sonoridades diferentes, línguas estranhas e ainda ter de olhar as caras e bocas que os cantores fazem durante um concerto. Sem contar os berros repentinos daqueles mais espalhafatosos.
O canto coral tradicional está fora de moda
A verdade é que a abordagem tradicional do canto coral está falida. Ninguém tem vontade de ouvir, nenhuma empresa quer investir, não tem relevância no setor cultural.
Muitos podem dizer que os governantes não apoiam o ensino de música e que a cultura do país está em decadência, mas acontece que o canto coral está muito mal representado.
O problema acontece, principalmente, em função do repertório. Cantando músicas sem apelo algum, muitos grupos realizam apresentações para si mesmos, atendendo uma elite que não tem nada a ver com o público que gosta de ouvir música. Seria melhor que cantassem numa sala fechada, em roda, para apreciar melhor o som deles mesmos.
Canto coral e proselitismo
Normalmente, os agrupamentos corais priorizam a execução de música europeia, dando preferência ao repertório de concerto. Isso é uma enorme pobreza estética. Embora a Europa seja o berço do canto coral, a prática já foi amplamente ressignificada, absorvendo outras sonoridades e modos de fazer.
Entretanto, em nome da tradição, muitos preferem se manter no que chamam de repertório base. Dizem que o Messias de Handel, Glória de Vivaldi, Requiem de Mozart são pilares do canto coral.
Observando o perfil do cantor de coro atual, e as deficiências que possui, a grosso modo, colocá-lo para cantar esse repertório é como se eu recebesse um aluno de piano zerado e o obrigasse a tocar os estudos de Chopin nas primeiras aulas.
Messias, Glória, Réquiem são obras de grande envergadura. Necessitam de muito conhecimento para serem executadas. Considerar esse repertório como base é um absurdo pedagógico.
O resultado são interpretações de baixíssimo nível que, somadas à falta de familiaridade do público com o repertório, só trazem má impressão.
Se, de um lado, o repertório não desperta interesse, do outro, é feito com cantores tão mal capacitados que, de fato, em boa parte dos casos, os leigos têm razão em achar um concerto coral muito chato.
Canto coral e experiência estética
Por isso é que, no Choir at Home, trabalhamos as bases do canto coral em sua essência. Trabalhamos o que é fundamental para cantar em coro. Os cantores aprendem as sonoridades mais básicas com um método progressivo que desenvolve a voz de forma eficiente, e permite que o aluno evolua no próprio tempo.
No Choir at Home cantamos de tudo: do rock ao pop, passando pelo samba, pela bossa nova, pelo jazz, também cantando o renascimento, o barroco, o clássico. É cantando um pouco de tudo que os cantores se tornam completos.
É o conhecimento estético que permite maior versatilidade do cantor, não o fato de cantar determinadas músicas sem propósito educativo. Os cantores não se desenvolvem cantando somente um gênero musical, que nem faz parte do cotidiano. É necessário haver músicas que tragam familiaridade para que a experiência de vida contribua para a compreensão dos fenômenos.
A música de concerto é importantíssima, mas não é a única a que os cantores precisam ter acesso. Para realmente despertar o talento de cada um, é necessário dar o máximo de caminhos possíveis, explorando toda a riqueza de sonoridades que o canto coral pode oferecer.
Perpetuação do canto coral
Para além do nosso íntimo, precisamos fazer músicas conhecidas para ter a melhor recepção do público leigo. Oferecendo maior familiaridade com o repertório, tornando a sonoridade coral mais próxima às pessoas que se interessam. É pela empatia que o público busca mais sobre o assunto.
Por isso, no Choir at Home, sempre faço músicas que tocam nos veículos de massa. De preferência aqueles direcionados ao público jovem. Faço isso porque estou preocupado em perpetuar o canto coral. Não a atividade proselitista, que exalta o que vem das culturas dominantes em detrimento das expressões mais singulares, mas aquela que afeta o jovem e desperta o interesse pela atividade.
Por que Happy?
A música Happy tem tudo isso. Feita pelo rapper norte-americano Pharrell Williams, fez sucesso na animação “Meu malvado favorito”. É uma música que crianças e adolescentes ouvem cotidianamente e traz a familiaridade necessária para criar empatia.
A estrutura da música é naturalmente coral, tendo perguntas e respostas, canto a mais de uma voz, sonoridades com a mistura das vozes. Tem tudo a ver com o canto coral. Traz a estética pop para a prática, possibilitando identificação imediata.
Esse é o melhor ponto de partida para o leigo. Mostra que canto coral não é só aquele som mórbido e chato, ou a berraria que o repertório tradicional sugere para os ouvidos menos acostumados. Mostra que até as músicas mais comuns do dia a dia podem ser cantadas em um coral sem perder a essência.
Além disso, o arranjo é super simples e acessível aos iniciantes, tendo como único possível empecilho o inglês que, para alguns, pode apresentar alguma dificuldade.
Veja o Choir at Home cantando a música no vídeo abaixo:
Você pode cantar também!
No Choir at Home, o repertório moderno e tradicional é confrontado para promover maior riqueza estética. Para que todas as sonoridades sejam absorvidas.
Com aulas gravadas e metodologia específica, permite um aprendizado amplo e diverso de forma flexível, permitindo que cada um aprenda no próprio tempo.
Isso ocorre a partir da metodologia TELA, que permite um trabalho totalmente assíncrono, onde você pode produzir as músicas no próprio tempo, sem afetar o conjunto.
No Choir at Home não existem constrangimentos, pois você só apresenta aquilo que tem certeza que quer mostrar. Por isso, baseamos nosso ensino na gravação. Acreditamos que conhecendo a própria voz, usando os recursos tecnológicos mais avançados, o aluno consegue extrair o melhor de si.
Assim, a metodologia TELA não só permite o contato com diversos meios do fazer coral, como também provê a consciência total do fazer musical.
Acesse o link abaixo e saiba mais sobre o Choir at Home e a metodologia TELA.
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