O que é o canto coral?
Canto coral e canto em conjunto
O canto em conjunto é uma das atividades mais comuns da espécie humana e data da era mais primitiva de sua existência. No entanto, a essência do canto coral está na tradição cristã, e nos modos específicos de fazer música durante os ritos das igrejas católicas e protestantes; revelando, assim, um repertório próprio que possui maior sistematização a partir da Idade Média, modificando-se com o passar dos tempos.
Embora seja possível observar atividades sistemáticas de canto coletivo dentro das civilizações da antiguidade, como, por exemplo, o teatro grego, a relação deste repertório com a atividade coral dos dias de hoje é distante.
O canto coral, no século XXI, possui mais traços das manifestações culturais da Idade Moderna, especialmente ligada à tradição cristã e orfeônica, do que do canto coletivo da Idade Antiga. É claro que não podemos ignorar as produções camerísticas comuns nas classes médias, na aristocracia, e com os nobres. Essa produção é ampla e mais documentada a partir da renascença.
Entender o canto coral
- Melhora sua compreensão musical
- Enriquece sua cultura geral
- Amplia seu conhecimento histórico
- Eleva seu entendimento sobre as relações sociais
- Distingue o impacto que atividades de lazer proporcionam
Canto Coral e Educação Musical
Para entender melhor o canto coral, precisamos situar as estratégias pedagógicas, em música, dentro dos princípios da constituição dos métodos de ensino/aprendizagem da sociedade moderna, quando a escola se estabelece como instituição responsável por inserir os indivíduos dentro da sociedade. É a partir desse ponto que emerge as práticas mais difundidas do canto coral dos dias de hoje.
Para o canto coral, esse cenário fica mais evidente no século XIX, quando o ideal filosófico pragmático se difunde e proporciona a criação de associações com o objetivo de cantar em conjunto. Daí, as primeiras abordagens do canto em conjunto a partir dos métodos de ensino que partem do canto orfeônico. Se, pela tradição cristã, o ensino de música era dogmático e condicionado aos ritos da igreja, o canto orfeônico era ligado às atividades de lazer e coesão social.
Os primeiros orfeões são fundamentados no ideal positivista, com o propósito de levar as belas artes para a população trabalhadora. Tinham o objetivo de “domesticar” as classes proletárias que não atendiam os gostos das camadas mais altas da sociedade. O olhar mais atento ao canto orfeônico revela um maior interesse na produção de material educativo que tenha eficiência, aplicação prática, e que conduza os modos das classes trabalhadoras para as normas da sociedade vigente.
O orfeão no Brasil
No Brasil, os pioneiros do movimento orfeônico são João Gomes Júnior e Fabiano Lozano, tendo diversas produções voltadas para o ensino de canto orfeônico nas escolas. As produções destes professores datam da primeira metade do século XX.
Fabiano Lozano e João Gomes Júnior foram precursores, mas, foi durante o Estado Novo que o canto orfeônico se afirmou como principal estratégia de ensino de música no Brasil. Getúlio Vargas e Heitor Villa-Lobos estabeleceram as primeiras políticas nacionais de ensino de música tendo como principal atividade o canto orfeônico. Nesse momento,foram mais comuns as concentrações de pessoas com o objetivo de cantar.
Métodos de ensino com base no canto coral
Em boa parte do século XX, as principais estratégias de ensino de música pelo canto coral foram próprias do canto orfeônico. O próprio Villa-Lobos difundiu métodos de ensino de música pelo canto em conjunto. Muitas das propostas se tornaram mais palatáveis a partir do método proposto pelo professor Gazzi de Sá, que viabilizou o ensino de leitura e escrita musical de forma próxima aos recursos utilizados por Zoltán Kodály na Hungria.
O método Kodály propõe a musicalização através da voz e é adequado para o ensino de música em massa. Além dos recursos para a escrita musical, o método Kodály faz uso de técnicas mnemônicas, usando as mãos para fazer a leitura cantada, assim como na mão Guidoneana de Guido D’Arezzo. Villa-Lobos, por sua vez, adaptou o uso da manossolfa usando os dedos para se referir às notas musicais. Ambos os métodos de manossolfa, Villa-Lobos e Kodály, usam o dó móvel para o solfejo e nomeiam as notas conforme o sistema de Guido D’Arezzo, substituindo o “ut” por “dó”.
Há diversos outros métodos de ensino pelo canto coral anteriores e posteriores à Kodály, mas, até hoje, as propostas desse educador influenciam as práticas do mundo todo, evidenciando o poder educacional do canto coral para a música.
Canto coral além da escola
A partir da década de 50, com as abordagens holísticas para o ensino da música, observando as críticas musicais e educacionais da contemporaneidade, as estratégias de produção coral se diversificaram.
As relativizações que partem dessas abordagens possibilitam um novo olhar para o canto coral. Se destacam as abordagens de oficinas, comuns em trabalhos com ONGs e empresas. Nessas propostas prevalecem os recursos experimentais a favor da criação coletiva, priorizando o autoconhecimento e a realização pessoal.
Canto coral no meio digital
Para além do repertório comum às massas, que se expande com a globalização e a internet, os meios de produção são cada vez mais acessíveis. Durante a pandemia, mais uma vez, o canto coral se mostrou uma das principais estratégias de produção musical usando recursos digitais colaborativos com aplicativos como o Soundtrap, Bandlab, MusicLab e outros. Além dos diversos benefícios proporcionados, dentre eles, a consciência melódica, harmônica, estrutural, os aspectos sociais ligados à interação humana, revelou-se mais um atributo que o ensino do canto coral proporciona: aprender com gravações.
Ao aprender a gravar, o aluno desenvolve a habilidade de analisar as propriedades do som pela onda sonora, podendo analisar sua produção pelos aspectos físicos, para além dos recursos da leitura de partitura. A análise da onda, especialmente de forma comparativa, quando o aluno consegue observar a forma de onda de uma gravação modelo e comparar com a própria, proporciona um aprendizado que vai mais adiante das questões de técnica vocal, leitura cantada, conhecimentos harmônicos, história da música, e outras, tão comuns nas abordagens tradicionais do canto coral.
Assim, vemos que o canto coral ainda tem muito a acrescentar na contemporaneidade e que os recursos de produção se tornam cada vez mais precisos e sofisticados. Cabe aos integrantes continuarem a capacitação para a tarefa, fazendo as devidas conexões entre tradição e modernidade.
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Adorei as informações. Interessante ver a evolução dos métodos de aprendizagem.
ResponderExcluirInformações muito relevantes!! Sendo um instrumento que todos nós temos, a voz, é muito importante essa interação, essa relação com outro.
ResponderExcluirProfessor o senhor como sempre, compartilhando seus conhecimentos vestidos de orientação e encanto pelo que faz, obrigada! Tem sido de grande valia para quem deseja caminhar nesta estrada, Deus abençoe!
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