Resenha de Natal - Oratório de Natal - English Baroque Soloists, Monteverdi Choir e Eliot Gardiner

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O ano de 2019 foi incrível! Foi tanto trabalho que o mês de dezembro não teve postagem com resenha ou artigo. Foi pesado finalizar todos os concertos, avaliações finais na graduação e nos cursos livres, e ainda dar conta do blog. De qualquer forma, encontrei um tempo para fazer uma última resenha. Reservei uma obra monumental interpretada por um grupo que, finalmente, veio ao Brasil e tive o prazer de assistir: o English Baroque Soloists e o Monteverdi Choir, regidos por Sir Eliot Gardiner.
Algumas pessoas dizem que a música gravada fica diferente da música ao vivo. No caso do English Baroque Soloists e do Monteverdi Choir, sempre achei das melhores gravações de música barroca, especialmente Bach. Ao ouvi-los ao vivo achei tão magnífico quanto a gravação, talvez mais.
Em 2020, J. S. Bach completa 270 anos de morto e, por isso, nesta resenha, trago o Oratório de Natal deste compositor.

Oratório de Natal

O oratório, assim como a ópera, é uma grande forma musical, porém não possui cena. Possui diversas seções onde o coro canta alternadamente com solistas fazendo árias e recitativos. O oratório se torna mais famoso a partir do século XVIII, especialmente na obra de Handel. Na tradição luterana alcança proeminência na obra de J. S. Bach, nas Paixões e nos Oratórios de Páscoa e de Natal.
O Oratório de Natal de Bach possui seis partes: a primeira, para o dia de Natal, descreve o Nascimento e a Nominação de Jesus; a segunda, a Anunciação aos Pastores; a terceira, a Adoração dos Pastores; a quarta, para o Dia de Ano Novo, a Circuncisão de Jesus; a quinta, para o Domingo após o Ano Novo, a Jornada dos Reis Magos; a sexta, para a Epifania, a Adoração dos Reis Magos.
É muito empolgante ouvir o início do oratório, com o som peculiar do tímpano barroco e dos trompetes. Soa, para mim, como trovoadas, demonstrando o poder do Deus encarnado. Bach sabe fazer uma cena com efeitos sonoros como ninguém. A imaginação de um ser musical pode ir longe ao ouvir cada nota.
O coro segue em fuga com o texto: JAUCHZET, FORHLOCKET, AUF, PREISET DIE TAGE! Em letras garrafais, pois significa BRAVEJAI, ALEGRAI-VOS, GLORIFCAI ESTE DIA. Continua com: "Louvai, pois o mais alto foi feito hoje". 
É por isso que precisa dos tímpanos e trompetes, mostrando a grandeza do senhor.
A obra segue com muitos recitativos para tenor que, na posição de Evangelista, narra a história. A maior parte dos oratórios não possui textos litúrgicos, dando liberdade ao compositor para fazer diversas combinações de ideias.
Os coros e árias entremeiam os recitativos. Os coros, na maior parte das vezes, quando vigorosos e polifônicos, trazem textos que revelam a altivez do Senhor; quando mais homofônicos e simples trazem reflexões sobres as cenas dos trechos anteriores. As árias possuem textos variados, algumas mais reflexivas, outras com teor de louvação. Alguns coros também fazem o papel de multidão ou de soldados, ecos e outros efeitos, enriquecendo a cena imaginária do ouvinte. O oratório de Natal é rico em sonoridades e cada situação remete a uma cena.

English Baroque Soloists

O English Baroque Soloists foi fundado na década de 60 por John Eliot Gardiner e possui o propósito de interpretar obras historicamente informadas. Ou seja, busca trazer uma sonoridade próxima à da época em que a obra foi composta. Portanto, ao ouvir algo deste grupo, é possível que soe como o compositor ouviu.
Obviamente, precisa de músicos de ponta, que tenham domínio sobre os instrumentos da época, que são diversos, e demandam técnica específica. Sendo assim, trata-se de um grupo com profissionais altamente qualificados. 

Eliot Gardiner & Monteverdi Choir

Em 2018 fiz uma postagem sobre o Monteverdi Choir e Eliot Gardiner. Veja sobre o grupo e o coro neste link, aproveite e leia a resenha sobre os Motetos de Bach:
Resenha Coral - Motetos de Bach - The Monteverdi Choir & Eliot Gardiner

Sem dúvidas, o Oratório de Natal é uma das maiores obras compostas. Interpretado por Eliot Gardiner é maravilhoso. Um ótimo repertório para iluminar sua noite de Natal.



Leia mais:
Resenha Coral - Christmas Star - John Rutter & Cambridge Singers
Resenha Coral - Amarcord - Coming Home for Christmas
Resenha Coral - Cantique de Noël: French Music for Christmas - Choir of Gonville & Caius College
Resenha Coral - Motetos de Bach - The Monteverdi Choir & Eliot Gardiner

Comentários

  1. Maestro, obrigada pela resenha! Valeu a pena esperar um pouquinho! Seguindo a sua orientação, também estive no Theatro Municipal do Rio de Janeiro para assistir o incrível Sir Gardiner e seus English Baroque Soloists e Monteverdi Choir! Uma verdadeira aula prática para quem gosta de canto coral! E agora este presente para seus leitores! Parabéns pelo intenso trabalho em 2019! Acredito que vai haver mais em 2020, pois tem sido assim desde que lhe conheci em 2016. A cada ano, mais desafios e mais conquistas! Que seu novo ano seja maravilhoso! Boas Festas!!!

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